João Eusébio: «A equipa está a controlar e estão a ver-se melhorias de jogo para jogo»
Aproveitando a paragem do campeonato, o BdRA conversou com João Eusébio para saber, junto do "timoneiro" do Rio Ave FC, quais as primeiras impressões neste início de campeonato e que Rio Ave é que podemos ter em campo a curto / médio prazo. João Eusébio está confiante e, ainda que com uma ou outra falha técnica neste arranque de temporada, é um técnico que merece toda a confiança. Veremos como a equipa se comporta no "ciclo crítico" que se avizinha e depois voltaremos a conversar. Uma entrevista a ler com toda a atenção.
- Com esta paragem da Liga de Honra, que reflexão faz da etapa inicial da época ao final de 5 jornadas?
- Em todos os jogos, e exceptuando a primeira parte contra o Penafiel, o Rio Ave foi sempre superior em todos os jogos. Em Penafiel não gostámos do primeiro tempo, de facto, talvez por causa de alguns jogadores que entraram de início ou até da estratégia não ter resultado. Temos de assumir isso. Nos restantes encontros, fomos uma equipa controladora, dominadora. Sabendo que na Liga de Honra os jogos são de duelo, de contacto, onde a margem de erro é nula. Sabemos disso. Tem havido poucas oportunidades na maioria dos jogos, mas o Rio Ave até cria bastante ocasiões para marcar. Não estamos a concretizar, é um facto. A equipa está a controlar, faz uma boa circulação de bola e estão a ver-se melhorias de jogo para jogo. Os indicadores deixam-nos satisfeitos.
- A boa pré-época foi importante em termos anímicos e mentais para a equipa encarar melhor o choque com a realidade competitiva da Liga de Honra?
- Ajuda sempre a criação de hábitos de ganhar. A nossa equipa foi restruturada. Toda a gente sabe. Em termos de planificação e finalidade dos objectivos do clube, está à vista que o Rio Ave tem uma equipa forte. Dão-nos como sérios candidatos. No entanto, temos uma equipa jovem. Mesmo muitos jogadores que transitaram da época passada ainda são jovens. Até o Milhazes e o Danielson, quanto mais o Fábio Coentrão, Vítor Gomes, Chidi ou Keita...
- Não será então aquela equipa matreira que se tem como sendo a ideal para obter bons resultados no segundo escalão...
- Falta realmente, algumas vezes, essa maturidade e alguma matreirice. Falta. A nossa equipa é jovem e para além das contratações oriundas de escalões inferiores, que temos de respeitar em termos de objectivos do clube em termos orçamentais, é importante termos alguns elementos como o Niquinha, Evandro ou Mora, que permitem com a sua experiência disfarçar a irreverência da maioria dos atletas. No cômputo geral, estou satisfeito com todos os jogadores do Rio Ave em todos os jogos, tirando a primeira parte em Penafiel.
- Aproxima-se um ciclo competitivo complicado e exigente. Será altura do Rio Ave se assumir como forte candidato à subida?
- Assumir candidaturas é fácil. É de boca. Os factos criam-se dentro de campo. No Rio Ave, e dentro da perspectiva da Direcção, nunca foi dito que o objectivo era subir. Agora nós, cá dentro, sentimos que temos matéria, jogadores, que nos permitem chegar lá. Isto mesmo respeitando outras equipas, que também são fortes. No final do primeiro terço do campeonato será a classificação a ditar quem são os candidatos. Claro que ainda poderão ser dadas muitas voltas, mas essa primeira definição pode ser importante. A nossa meta inicial será essa para então fazermos um balanço.
- O Rio Ave perdeu a características de somar muitos pontos fora e, na Liga de Honra, vai ter de o fazer para pensar em subir de divisão. Como se dá a volta a essa situação?
- Quando o Rio Ave estava no escalão principal, somar um pontinho já era bom. Não perder já deixava toda a gente satisfeita. Na Liga de Honra também pode ser bom ir empatando fora desde que consigamos vencer os jogos em casa. Se isso acontecesse, a subida de divisão seria um dado adquirido. Agora, ainda subsiste essa mentalidade por ter sido assimilada por alguns jogadores, que mantêm isso em mente. Esta épocas fomos duas vezes fora e em Chaves tivemos 8 ou 9 oportunidades de golo e várias ocasiões para ampliarmos a vantagem e matarmos o jogo. Quem não mata, morre. O que posso dizer é que a produção da equipa, e a fórmula de jogo, tem-se mantido estável em casa e fora. Há equipas contra as quais treinamos que se calhar baixam todos para trás da linha de meio-campo. O Rio Ave não faz isso. Tem uma linha de referência onde deve pressionar e não baixa o bloco em demasia a não ser em momentos específicos dos jogos onde isso tenha de acontecer. Queremos assumir o jogo, temos criado oportunidades mas ainda não fomos capazes de concretizar.
- O Santa Clara pode ser um teste marcante para as possibilidades do Rio Ave?
- Ainda será a 6ª jornada. O Santa Clara, segundo as estatísticas, ainda não venceu em casa e já conseguiu dois triunfos fora. Isso deixa antever dificuldades em actuar no seu reduto, assumindo o jogo, embora cada partida tenha uma história diferente. O Santa Clara assumiu-se como um sério candidato. Tem uma excelente equipa, com excelentes jogadores. São sempre jogos difíceis. É apenas mais um.
- Pessoalmente, como tem sido viver desde a pré-temporada esta realidade de treinar uma equipa nos campeonatos profissionais, ainda para mais o seu Rio Ave?
- Tenho encarado o desafio normalmente. Costumo dizer que um treinador é um treinador. Não há treinadores de primeira ou de terceira, mas sim bons ou maus treinadores. Alguns estão no desemprego e já orientaram a Selecção Nacional, outros com grande historial na Liga que andam pelos escalões secundários e outros que nunca treinaram e aparecem logo na Liga principal. Já passei por vários escalões, já fui adjunto e coordenador técnico, e em todas as funções acho que devemos ser profissionais, sérios, rigorosos, acreditando nas nossas convicções. A partir daí, temos a consciência tranquila em relação ao trabalho que estamos a realizar.
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